É primavera, mas...

Setembro trouxe a primavera: tudo fica lindo, as flores enfeitam nossas vidas, mas o abandono também floresce. É que nessa época aumentam os nascimentos de cães e gatos, e é impossível achar bons adotantes para todos. Alguns têm sorte, mas a maioria morre prematuramente depois de experimentar o abandono e toda sorte de sofrimento em suas curtas vidas.
Por isso, nunca é demais reforçar: a castração é essencial para melhorar a vida de cães e gatos. Sem controlar o crescimento da população desses animais, não há como lutar para dar-lhes uma vida mais digna. Alguém já enxugou gelo? Lutar para melhorar a vida de animais não-castrados é como enxugar gelo.
Assim, o mês começou com a nossa prioridade: sete gatinhas que vivem meio abandonadas numa favela foram castradas:

Houve um problema com a máquina e não conseguimos postar aqui as fotos de todas, mas podemos garantir que eram todas fofas, lindas e muito mansinhas. Algumas estão para adoção com a protetora que as socorreu, e outras tinham tutores que, mesmo negligentes, fizeram questão de que fossem devolvidas a eles. Cuidam de qualquer jeito, com acesso às ruas, mas gostam delas, ao menos.

Esta aqui deu um susto danado, não voltava da anestesia de jeito nenhum:

Foi aquecida e paparicada por muitas horas e acordou super bem, felizmente. Agora já está 100% recuperada.

Depois houve um caso com um desfecho não tão bom. Esta pitbull vivia numa rua perto do Zoológico:

Uma pessoa nos pediu ajuda para castrá-la, mas precisávamos primeiro saber se era mansa, quem cuidava dela e arrumar um local para deixá-la em jejum antes da cirurgia e depois também, no pós-operatório. Isso levou alguns dias, chegamos a vermifugá-la mas um morador da rua acabou adotando-a. É muito mansinha, até dividiu a comida com o vira-latas da casa ao lado, repararam na foto? Poderia ser um final feliz? Poderia, mas agora ele não quer castrá-la e temos receio de que queira usá-la para reprodução. Estamos tentando convencê-lo, mas tem que ser na base da gentileza, pois não podemos obrigá-lo, infelizmente.

Mas quem teve um final feliz foram os dois pretinhos gêmeos que estavam para doação no nosso bazar de agosto, lembram deles?

Foram adotados JUNTOS, agora fazem parte de uma linda família. Torcemos para que todos sejam sempre muito felizes!

A Beka (ex-Florzinha), também está a cada dia mais linda. Olhem o charme dela nessa foto tirada dia 18 de setembro:

Aqui a história da Beka se mistura com outra, numa demonstração de como uma corrente do bem gera frutos. Lembram daquela protetora para quem pedimos ajuda no mês passado, que cuida da Bruna, a cadela com a doença do carrapato, e de mais um monte de animais? Essa é a Bruna:

Conseguimos comprar os remédios que faltavam para a Bruna, vitaminas e mais um saco de ração, mas na verdade seria bom termos mais ração de boa qualidade para mandar. E eis que a adotante da Beka, não bastasse sua enorme generosidade ao adotá-la, resolveu ajudar também essa protetora e seus animais. Comprou muita ração e até comedouros. Uma outra moça também havia nos doado um cobertor, um comedouro e umas coleiras e olhem só o que virou tudo isso junto:

A protetora ficou muito feliz ao receber tudo isso, e mais feliz ainda ficaram os cachorros que puderam comer uma ração melhor. Ela disse que os quatro filhotes que resgatou pareciam comer bifes ao experimentar a ração.
O triste é que logo a ração boa acaba e eles precisam voltar a comer a de sempre, que é bem mais fraquinha. Mas quem sabe alguém ainda se compadece e doa uma boa ração para eles antes que essa acabe, hein? Hein? Hein? Alguém se habilita?
A Bruna, apesar dos nossos esforços, não anda muito bem. Ela já tem 10 anos, o que é uma idade meio avançada para um dobermann, e não teve um vida fácil; para ajudar, está com essa doença traiçoeira. Mas ao menos sabemos que, apesar de todas as dificuldades que sua protetora enfrenta, ela não passa frio nem fome, tem carinho e agora está tomando medicamentos e vitaminas que fazem com que se sinta um pouco melhor.
Então esse foi nosso mês de setembro. Sempre corrido, com o dinheiro indo embora rápido e a sensação de que gostaríamos de ter feito mais. Mas no balanço final sabemos que fizemos nossa parte e concluímos que o mundo seria uma coisa bem próxima do paraíso se todos fizessem a sua. E fazer sua parte não é fundar um abrigo para 200 animais, nem ficar sonhando com o que faria pelos animais se ganhasse na loteria. Uma pessoa faz sua parte quando salva um animal de ser maltratado ou atropelado, quando orienta alguém a castrar outro, quando resgata um gatinho e o encaminha para um adotante, quando compra uma ração melhor para o cãozinho doente do vizinho em dificuldades. É de grão em grão de areia que lindas praias são formadas, não é mesmo?
Obrigada a todos, sempre! Pela ajuda, pela força, pela torcida e por fazerem sua parte ao nos ajudarem a fazermos a nossa.